quarta-feira, 10 de junho de 2009

Reflexão sobre a TV digital

Deixando de lado minha tentativa patética de fazer poesia, pensei em deixar aqui uma reflexão;

O medo do Grande Irmão nos assombrou bastante e ainda é um fantasma que ronda esse planeta com seus satélites. Até este ponto, nenhuma surpresa, a literatura de ficção cientifica estava ai para nos prevenir e nos acostumar com a idéia.

Mas então escutamos a palavra MOBILIDADE.

O que inicialmente parecia mais uma tentativa de nos seguir e monitorar abriu uma janela nova, ou melhor, um monitor novo (LCD, FULL HD 1080 linhas de bolso), chamado TV digital.

Logico que ja existia a tecnologia 3G, WAP, WIFI e compania, que nos permitiam acessar conteudo de qualquer lugar contanto que pudessemos pagar pelo servico e pelo equipamento necessarios. O problema é que, justamente, podemos escolher o conteudo que desejamos assistir com estes meios... e com a TV digital?

Bom, o que vemos ate agora é que todos terão lavagem cerebral, ahem, digo acesso de qualidade ao conteudo dos mesmos produtores de TV aberta que temos hoje.

Claro que a alienacao pode calramente vir do conteudo que VOCE escolheu assistir, mas ai pelo menos é culpa sua! Claro que voce tambem pode escolehr nao assistir ou mudar de canal... epa, sera mesmo? Acho dificil eles disponibilizarem um controle remoto para as TVs nos onibus da cidade...

Enfim, temos duas possibilidades pela nossa frente:

A primeira é bem bacana. Ela envolve uma producao cultural como nunca visto antes, preenchendo nossos onibus, salas de espera, elevadores, lanchonetes, bares e salas de aula com conteudo de qualidade, educativo, inteligente, interessante e enriquecedor, porém sem esquecer que a TV também deve divertir. Veremos uma proxima geracao de pessoas bem informadas, cultas, conectadas umas as outras e ao mundo, dotadas de raciocinio critico e entretidas, a TV onipresente se transformaria numa especie de quebra-gelo confederador, democratico e amigavel.

Po, isso foi tao utopico que quase vi borboletinhas e gnomos felizes dancando na tela do meu macintosh...

A Segunda possibilidade ja tem os pés mais no chao e possui precedentes; Conteudos cada vez menos relevantes para a cosntrucao de uma sociedade sã serão criados, buscando APENAS o entretenimento rapido, facil e constante. A TV seria um tapa-buraco gigante em nossas existencias cada vez mais individualistas. Teremos tanto medo de conversar com o proximo que vamosd ar gracas a Deus por ter uma telinha em nossas frentes para podermos assistir em vez de dialogar com o cara na cadeira ao lado. Futilidade omnipresente 24h de graça! oba, oba!

O Grande Irmão vai se morder de inveja quando souber que em vez de cameras pra todo lado, bastava por MONITORES com sinal de qualidade por todo canto. Funciona bem melhor na hora de formar opinioes e distrair as pessoas do essencial.

Uma esperança que resta seria deixarem o volume bem baixinho, pra nao atrapalhar quem ainda esta tentando ler um livrinho no onibus ou na sala de espera...


mais uma vez uma nuvem pesada aparece no horizonte e desta vez, ela nao vai dar chiado na sua TV. Que pena.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Passeando com os dedos por ti

Passeando com meus dedos por tuas costelas desenho um S
subindo por debaixo de teu seio esquerdo até o topo
por entre os seios até a cova de teu pescoço, aonde me deixo morrer em um beijo
meus dedos passeiam novamente desta vez rumo ao centro de teu equilíbrio
teu umbigo poço de gozo abriga minha língua quente
teus dedos me puxam de volta para um beijo desnorteante
meus dedos, sorrateiros, fogem para o teu sul
acariciando devagar teus pelos, descendo de olhos fechados
até teu gemido em meu ouvido me dizer que encontrei o que procurava
deste passeio contigo eu não me esqueço
te desvendei de norte a sul

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Um estado de espírito

A cadeira pressionava a base da coluna de forma desconfortável
os olhos pendiam de sono, de uma noite mal-dormida e longa
o frio da sala remetia a solidão que ele sentia durante anos
marcada nos pelos arrepiados dos braços como projeções do passado
ele virara tela de cinema de um filme velho e mofado que nunca foi filmado
era uma fantasia velha inventada por ele e que, de fato, nunca existira
mas que ele vestia sempre que a audácia o permitia e olhava pra ela
ela que, sorrindo olhava pra ele, mas nunca o via

sexta-feira, 15 de maio de 2009

um olhar
ele se morde os lábios, ele não fala
um toque
ele leva a mão até quase tocá-la, ele não fala
uma caminhada desajeitada, apressada na direção dela, ele não fala
uma série de piadas imbecis para impedir que ele desmorone, ele não fala
uma conversa aberta sobre os sentimentos dos dois, promessas efêmeras, ele não fala
vira o rosto ao vê-la sorrir ao lado de qualquer outra pessoa, infeliz por não ser ele, ele não fala
se contorce na cama reproduzindo um gesto qualquer que ela fez em sua frente durante o dia , ele não fala
uma covnersa vazia, os olhares divergem, brechas para uma aproximação se criam e se desfazem, ele não fala


FALA! FALA!

FALA!


...

ele não fala

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Meus pés enterrados

aqui, debaixo desse céu nublado
na beira do mar, meus pés enterrados pelas ondas
que chegaram sorrateiras enquanto o mundo girava
e me prenderam aqui, nessa praia, diante desse mar tão feminino e vazio
se me desvencilhar e tentar andar posso cair
se ficar parado ali, nada vai acontecer, a menos que uma onda me afogue
tudo o que posso fazer é olhar meus pés e olhar ao meu redor
entendo que existe mais alguém enterrado perto de mim
não tenho certeza de onde ou quem seja
uma onda desequilibrou essa pessoa e sinto que talvez ela caia
não ouso desenterrar meus pés
eu me questiono se deveria ir até lá e segurá-la
não me ouço desenterrar meus pés
eu faço sinais de que estou aqui e quero apoá-la
não me vejo desenterrar meus pés
vejo a onda arrastar essa pessoa para longe de mim
não sinto mais meus pés
virei parte da praia
relevo
tátil
áspero
monoromático
incompreensível
estático
sujeito às intempéries
nem mesmo o tempo pode me abalar
serei isso para sempre
até uma onda trazê-la até mim ou ela andar na minha direção
mas sinto que serei pisoteado por milhares de outras
e tudo o que terei pra mim
será o sentimento de mais uma vez o mundo vai ter girado
e eu ainda não vou ter desenterrado meus pés

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Do bom senso e da amizade

Lá estava ele, novamente tentando entender
fora julgado por tentar impor equilíbrio num relacionamento capenga
o julgamento veio da ausência de bom senso por parte de seus comparsas
pensou bem e chegou a concusão de que era culpa sua.
e era mesmo.
acostumou os póximos a dar mais do que tinha, a ser aquele que acredita em todas as promessas
o que carrega a bandeira nas costas, escuta as confidências e permite ser orientado por aqueles que está ajudando,
afinal, era pra ser uma troca justa e amigável.
Ele estava lá para aprender e em troca tinha tudo pra dar.
Pois é, quando se oferece tudo, não pode-se reclamar que tudo foi aceito, cobrado, transformado em commodity.
Ele ofereceu o céu sabendo que tinha apenas uma nuvem.
Seus comparsas pegaram a nuvem quase toda, reclamaram que não era o céu e ainda tentaram exilá-lo quando ele pediu uma parte de sua nuvem de volta.
E como se rouba uma nuvem, já que ela é quase etérea, subjetiva?
simples, basta você acreditar mais do que o próprio dono que essa nuvem não é mais dele.

Na vida a gente erra, acerta, remenda, conserta... Mas quando se fala de amizade, o costume é quem reina. Se você acostumar um amigo a dar tudo de sí, quando você precisar de você mesmo, não vai sobrar nada.

Ele se perguntava como fazer agora que essa situação estranha se instalou
se desesperava ao ver que não sabia a resposta.
-Foda-se! - Pensou ele, chateado por ter que perder tempo se preocupando porque seus comparsas ficaram chateados por ele ter se protegido do abuso oferecido por ele mesmo.

-O que eu tenho a oferecer é meu e OFEREÇO a quem eu quiser. Que quem quiser tenha a decência de pedir e quem recebeu sem pedir, tenha a consciência de respeitar os limites do bom senso! - Como que num estalo ele apertou as mãos para não erguer um dedo aos céus e pestanejar como um velho louco com mania de profecias.

É engraçado como a proximidade afeta as pessoas.
É triste como as promessas se desgastam e se vão.
É incrível como certas pessoas acham que os outros devem seguir-las só por terem um sonho.
É alarmante como esses sonhos contagiam e criam justificativas para tudo.
É grave o fato que as pessoas estão sempre se posicionando como vítimas, corretas e justas e não param para observar o Outro.
É decepcionante como nossas nuvems estão cada vez mais pesadas.
É cristalina a minha isnatisfação mais íntima e dissimulada.

Por meio de sutilezas e manipulações as vezes nos perdemos e ele já parou de olhar para o céu, pois agora só vê a sombra de ua nuvem, que de tão pesada, está próxima do chão.

Amigos, comparsas e colegas, tenham bom senso ao andar na nuvem dos outros.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

uma cerveja e um espresso

estavam ali sentados

com aquele ar já familiar de quando merda acontece

estancando uma hemorragia afetiva que já se fazia pequena

ela um chopp

ele um espresso, com s

numa pornografia de desabafos assexuados

expondo frustrações e dúvidas

inseguranças e receios

sem compromisso ou julgamentos

apenas um contando com o outro

numa tarde bonita de sol e vento

vento gostoso e pentelho

que esfriou o espresso e quase derrubou a cerveja

mas que acompanhou bem a conversa daqueles dois

que falvam em silêncio na mesa

com gosto de café e cerveja

segunda-feira, 30 de março de 2009

Morena sabor café

que diferença faz?

sentir angústia, sem lágrimas e sem drama

suportar essa risada falsa com hálito de cerveja

fotografar esse sorriso verdadeiro num cenário triste

conter esse andar precipitado que não resiste

mas que depois sofre pelo que não aconteceu

tentar escrever sem ninguém para ler

tentar falar com poucos à ouvir

fazer uma piada sem sorrir

ficar feliz ou triste sem chorar

que diferença faz?

Haikai - Nuvem pesada

Sua nuvem não chora,



mas pesa





l á g r i m a s c o m o g o t a s d e c h u v a

quarta-feira, 25 de março de 2009

o primeiro texto: uma verdade

No espelho, meu reflexo falou comigo

Acendi a luz, não me reconheci


Me ouvi no céu, recobrando a consciencia


acordei na areia, cobrindo os meus olhos

O sol me fere e me desperta

Queria tanto saber lidar com minhas emoções

Que já esqueci de quem sou mil vezes

Soberano da racionalidade

Fugitivo da vergonha de amar